Espírito badboy, intrigas, exigências absurdas, quebras de contrato, novos planos… Desde sempre, o mundo do entretenimento sofreu com uma praga chamada estrelismo. Quando um ator se destaca demais (ou de menos), o ego vai se inflando e não demora muito até explodir. E, às vezes, não há conversa que resolva. Há quem peça para sair, há quem seja convidado a se retirar do estúdio. O fato é que muitas séries precisaram se virar para contornar o problema e “tapar o buraco”. Afinal, ninguém é insubstituível, né?
1- Two and a Half men – Sai Charlie Sheen, entra Ashton Kutcher
Se você acessou a internet nos últimos três meses, a polêmica envolvendo Charlie Sheen e Chuck Lorre, o criador de Two and a Half Men, não é novidade. A vida desregrada do ator, que serviu de mote para a criação da série, acabou fazendo o feitiço virar contra o feiticeiro e a situação ficou insustentável.
Charlie, famoso por escândalos com drogas, prostitutas e casamentos arruinados, havia sossegado o facho no começo da série. Chuck Lorre foi pego de surpresa quando os maus hábitos voltaram a ser rotina durante a 7ª temporada. Quando Charlie começou a aparecer na mídia defendendo o “uso social” da cocaína, o produtor achou melhor colocar Two and a Half Man em hiato.
Muitas declarações, entrevistas e birrinhas depois, Lorre bateu o martelo: Charlie estava fora do programa e era hora de procurar outra pessoa. Entre os cotadíssimos Rob Lowe, John Stamos e Hugh Grant, o escolhido foi… Ashton Kutcher.
Os fãs estão ressabiados e apostam que não tem mais jeito – sem Charlie, sem graça e sem futuro. A produção ainda não divulgou qual será o papel de Kutcher, mas a sua personalidade deve seguir a de Charlie Harper mesmo. Além disto, o marido de Demi Moore tem um bom histórico de comédias no currículo (ele foi um dos destaques da série That ‘70s Show), então só o tempo dirá se a mudança vai dar certo.
2- Beverly Hills – Sai Shannen Doherty, entram Jennie Garth e Tiffani-Amber Thiessen
Nos últimos 15 anos, pipocaram ‘bad girls’ no mundo do entretenimento. Teve Britney Spears raspando o cabelo e agredindo fotógrafos, Lindsay Lohan abusando das drogas e Paris Hilton envolvida em escândalos sexuais. Mas a primeira a encarnar o papel de garota problema nos anos 90 foi Shannen Doherty. A atriz vivia Brenda Walsh, a doce e meiga protagonista de Beverly Hills 90210 (que, no Brasil, passou com o título Barrados no Baile). Mas nem a importância de sua personagem conseguiu segurar seu lugar na série. Atrasos, bebedeiras, reclamações e até uma rixa com Tori Spelling (ninguém menos que a filha do produtor da série) renderam o afastamento de Shannen na quarta temporada. O programa seguiu muito bem por mais seis temporadas sem ela.
Com a saída da mocinha Brenda, Jennie Garth, que já interpretava a patricinha Kelly Taylor, subiu ao posto de heroína romântica redimida. E quem ficaria com o seu lugar, o da “bitch” de plantão? O jeito foi contratar a musa teen Tiffani-Amber Thiessen, que fez de Valerie Malone uma das personagens mais legais de se odiar na série. Depois da dança das cadeiras, o outro protagonista, Jason Priestley, também deixou o elenco. Jennie Garth subiu mais uma posição na escala de importância dos personagens. #winning.
3- Grey’s Anatomy – Sai Isaiah Washington, entra Kevin McKid
Dr. Burke não era um McDreamy e nem um McSteamy, mas o personagem de Isaiah Washington era importante na trama de Grey’s Anatomy, a série médica preferida das mulheres. Cardiologista respeitado, ele conquistou o coração da durona Cristina Yang (Sandra Oh) e quase levou a competitiva residente ao altar. No entanto, fora dos sets, Isaiah não mereceu o respeito de ninguém quando saiu fazendo comentários ofensivos aos gays – e olha que seu colega de elenco T.R. Knight, que interpretava George O’Malley, é homossexual assumido.
Constrangimento geral. A solução? Demissão, claro. Para preencher o espaço, escalaram Kevin McKidd para Grey’s. Ele chegou ao Hospital Seattle Grace na 5ª temporada como Owen Hunt, o cirurgião militar especialista em traumatologia que conquistaria o coração desiludido de Cristina. E, de quebra, o doutor ainda entrou para o time dos bonitões – até passou a ser chamado de McArmy.
4- Criminal Minds – Sai Mandy Patinkin, entra Joe Mantegna
Em seu lugar, veio o experiente Joe Mantegna, que assumiu o cargo como David Rossi, o novo supervisor com mente de policial mais tradicional e de personalidade bem diferente à de Gideon. Aprovado!
5- CSI – Sai William Petersen, entra Laurence Fishburne
Quem pensa em CSI, logo pensa em Gil Grissom, o chefe do laboratório criminal de Las Vegas que sempre tinha uma frase na ponta da língua para tornar a cena do crime mais cult e poética. É por isto que muita gente apostou que a série chegaria ao fim quando William Petersen decidiu sair de CSI na nona temporada.
De acordo com o ator, a decisão veio porque ele estava se sentindo acomodado e que sentia vontade de fazer coisas novas. O jeito foi procurar um substituto de peso e com estilo parecido. O escolhido foi Laurence Fishburne. A princípio, fãs da série estranharam o Morpheus de Matrix mexendo no bisturi das autópsias e recolhendo impressões digitais, mas o Dr. Ray Langston acabou agradando e a série voltou a dar audiência.
6 – As Panteras – Sai Farrah Fawcett, entra Cheryl Ladd
Não é de hoje que a rotatividade no elenco ataca as séries de sucesso. Desde os anos 70, Farrah Fawcett é o símbolo d’As Panteras e todos se lembram da atriz (falecida em 2009) quando o assunto é “girl power”. No entanto, muita gente se espanta quando descobre que Farrah só ficou um ano no seriado da TV. A bela temia que o trabalho atrapalhasse seu casamento com Lee Majors. A série tomava muito tempo e ela preferia focar no cinema.
Com a quebra de contrato, o jeito foi contornar o vazio deixado por Farrah e a solução foi criar a personagem Kris Munroe, interpretada por Cheryl Ladd. Kris era a irmã mais nova de Jill, então loira por loira, bonitona por bonitona, jeitinho por jeitinho, o público acabou aprovando a mudança.
7- Ilha da Fantasia – Sai Hervé Jean-Pierre Villechaize, entra Christopher Hewett
Essa veio do fundo do baú e é possível que você não conheça bem o caso. Entre 1978 e 1983, a série Ilha da Fantasia foi um sucesso de crítica e de público. O personagem favorito era Tattoo, vivido por Hervé Jean-Pierre Villechaize. Tattoo era o assistente anão do Sr. Roarke, o administrador da ilha.
Até que a produção decidiu demitir Hervé. Ele estava abusando da bebida e corre o boato de que seus comentários constrangiam as moças que faziam figuração no programa. Em seu lugar entrou o mordomo Lawrence (Christopher Hewett), mas a troca não agradou. Sua personalidade era oposta à de Tattoo e o público não perdoou – com a audiência despencando, a série só durou mais um ano no ar.
8. The Fresh Prince of Bel-Air – Sai Janet Hubert-Whitten, entra Daphne Reid
Por fim, temos uma história que desafia a inteligência do público: o caso Fresh Prince. Janet Hubert-Whitten interpretou Vivian Banks entre 1990 e 1993, mas, de uma hora para a outra, a Tia Vivian pareceu ter repaginado o visual – era Daphne Reid quem chegava para viver a mesma personagem! Sim, a mesma! A mudança até virou piadinha na série no episódio em que a nova tia Vivian apareceu pela primeira vez.
Will Smith afirmou que era muito difícil trabalhar com Janet e que havia muitas discussões. Já Janet afirmou que a sua gravidez na vida real (e que foi colocada como parte da história) foi considerada quebra de contrato e que Smith abusava de seu poder dentro da série. Estrelismo de um ou de outro?
Complicado. Mas o fato é que o público teve de engolir a idéia de que a Tia Vivian estava diferente e pronto. Simples assim.
Fonte:super.abril.com